Desde que a vida me pregou rasteiras, os meus amigos procuram-me para fazer os mais variados desabafos procurando conforto em situações que, por vezes, estão completamente fora da minha "esfera de compreensão".
Devido a isso, já fui a fiel "depositária" de variadíssimas confissões. Umas mais escabrosas que outras... mas todas capazes de me surpreender, seja pelo seu conteúdo seja pela pessoa em questão.
Há relativamente pouco tempo fui contactada por uma velha amiga. Daquelas que ficam para todo o sempre mesmo que não estejam presentes em todos os instantes.
Disse-me que queria falar comigo com urgência, que achava que eu era a pessoa que a podia ajudar.
Confesso que não gostei apenas porque sabia o que viria por aí...
Há uns dias encontramo-nos para a tal conversa. Na meia hora em que ela falou e não disse nada, confesso que tudo me passou pela cabeça.
O namorado tinha arranjado uma amante, ela tinha arranjado um amante, ela tinha descoberto que o namorado era gay, ela tinha percebido que era lésbica, eles tinha decidido ser swingers para apimentar a relação e agora a situação não lhe agradava, etc., etc.
De certeza que me faltou equacionar algum cenário mas acreditem que a minha imaginação foi fértil naqueles 30 minutos.
Até que finalmente ela conseguiu confessar o que a atormenta. Encontra-se emocionalmente envolvida com uma terceira pessoa e não sabe o que fazer. Quer contar ao namorado mas não consegue porque tem uma vida construída. Mas ao mesmo tempo sente-se mal porque sente que está a traí-lo.
Ela sabe que eu vivi precisamente o contrário e por isso me procurou. Contei-lhe com mais pormenores o que se passou comigo, o que senti na altura e o que sinto que poderia ter amenizado o meu sofrimento. Também lhe disse que não acho que o sofrimento teria sido menor... apenas acho que o processo de luto não teria sido tão doloroso.
Curiosamente não fui capaz de lhe dizer "CONTA-LHE" com todas as letras... apesar de ser isso que eu, ainda hoje, advogo.
Tentei fazê-la ver que ela tem mais a perder do que a ganhar. Tentei que ela percebesse que o que lhe está a acontecer pode apenas ser um sintoma e que ela tem de procurar respostas dentro dela mesma em vez de as procurar em terceiros. Fi-la prometer que irá cortar com todo o contacto com essa pessoa.
Não sei se fui bem sucedida, se agora ela vai passar a não dizer-me toda a verdade apenas para eu deixar de a chatear. Mas a verdade verdadinha é que a quero feliz... seja qual for a decisão que ela tome!
Sem dúvida que concordo contigo. Quem tem uma relação mas começa a sentir interesse por outra pessoa talvez deva pensar primeiro em si mesmo pois talvez não precise de amar outra pessoa mas sim a si mesmo.
ResponderEliminaracredito mesmo que quando isso acontece há algo de muito errado a acontecer na relação. não acredito que dar incentivo numa situação dessas seja a solução.
EliminarDepois perde-se a fase de encantamento por essa terceira pessoa... e percebe-se que se fez asneira e que destruiu muita coisa que até queria...
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